O Verdadeiro Significado da Páscoa
Antes de ser uma celebração cristã, a Páscoa já era vivida, sentida e honrada por povos ancestrais que mantinham uma profunda conexão com os ciclos da Terra. No Xamanismo, a Páscoa é um tempo sagrado de renascimento, onde a vida floresce após a travessia da escuridão. É o chamado da Mãe Terra para que despertemos em consciência, fertilizando com novas intenções o solo fértil do espírito.
Ricardo Trier
5/2/20253 min ler


A palavra "Páscoa", que em hebraico significa "passagem", foi incorporada pelo cristianismo para representar a ressurreição de Cristo, mas o simbolismo dessa passagem já era profundamente celebrado por culturas indígenas e xamânicas muito antes da chegada dos colonizadores. Estas culturas compreendiam, de forma viva e intuitiva, que a natureza é cíclica — e com ela, o ser humano também morre, renasce e floresce em sua caminhada espiritual.
A Páscoa Xamânica: Fertilidade, Colheita e Renovação
Nos povos originários, principalmente os ligados à Terra e ao plantio, esta época do ano é associada à fertilidade, ao florescimento e à abundância. O ovo, símbolo amplamente adotado pela Páscoa moderna, já era um arquétipo ancestral do renascimento — um útero de potencial, o nascimento da vida, da semente divina que se rompe para gerar uma nova existência.
O ovo é considerado uma das mais perfeitas formas naturais. Em diferentes culturas, simboliza o começo de tudo — o início do universo, o emblema do ciclo da vida. Os sacerdotes Druidas adotaram o ovo como símbolo de suas crenças. Povos antigos do Egito, da Pérsia, da Grécia e de Roma cozinhavam e comiam ovos em festivais que saudavam a primavera e o renascimento após o inverno. Eles também os presenteavam como homenagens aos deuses e à fertilidade da Terra.
Na tradição europeia especialmente entre os povos que celebravam Ostara ou Eostre — Deusa da Primavera —, o ovo estava diretamente ligado ao despertar da natureza. Ostara segurava ovos em suas mãos e observava um coelho, símbolo da fertilidade. Os ovos eram pintados com símbolos mágicos ou de ouro e oferecidos em rituais — lançados ao fogo ou enterrados como oferendas sagradas, representando o ovo cósmico da vida.
Pintar ovos com intenções era — e ainda pode ser — um poderoso ato de magia: cada cor, traço ou palavra simbolizava um desejo, um recomeço, uma prece. Um ovo consagrado torna-se um talismã, um canal de manifestação das intenções mais puras da alma.
Apropriação e Distorção Cultural
Com a chegada das religiões doutrinárias e a colonização dos povos indígenas, muitos dos rituais originais foram ocultados, proibidos ou distorcidos. As igrejas adaptaram datas que já eram sagradas para os povos da Terra, substituindo o culto à Mãe Divina e aos ciclos da natureza por dogmas centralizados no sofrimento e na culpa.
O que antes era uma celebração da vida, do despertar e da fertilidade passou a girar em torno da dor, da morte e da redenção por meio do sacrifício. A verdadeira conexão com a Terra e seus ensinamentos foi fragmentada. Ainda assim, os guardiões do saber ancestral mantiveram viva a chama do verdadeiro significado — nas florestas, nas rodas de cura, nas danças sagradas e nas cerimônias de renovação espiritual.
A industrialização e o consumismo também afastaram a humanidade de suas raízes simbólicas. O chocolate, inicialmente ausente das tradições pascais, foi incorporado como produto comercial no século XX, popularizado por campanhas publicitárias e pelas indústrias, que criaram a fantasia do coelho produtor de ovos. Hoje, muitos ovos de Páscoa estão vazios de simbolismo, mas cheios de brinquedos e apelos comerciais.
A Páscoa Como Portal Espiritual
No Xamanismo, a Páscoa é um convite à introspecção. É o tempo de morte simbólica do ego, das amarras, dos medos e padrões que não nos servem mais. É o tempo de plantar as sementes da alma, renovar votos com o nosso propósito e permitir que a energia da Terra nos conduza ao renascimento interior.
Rituais nesta época costumam envolver defumações, jejuns, silêncio, meditações em meio à natureza, invocações aos espíritos ancestrais e trabalhos com os quatro elementos — para que o espírito seja fortalecido e se alinhe com o ritmo sagrado da Mãe Terra.
Celebrar a Páscoa de forma consciente pode incluir atividades como pintar ovos com intenções de cura e renascimento, preparar alimentos caseiros em comunhão, honrar os ciclos da natureza com cantos, danças e cerimônias simples, mas repletas de sentido.
Honrando Nossos Ancestrais
Resgatar o verdadeiro significado da Páscoa é um ato de reconexão com nossas raízes espirituais. É reconhecer que os ciclos da natureza são espelhos da jornada da alma. É compreender que não estamos separados do Todo, mas somos parte dele — filhos e filhas da Terra, guardiões da vida.
Neste tempo sagrado de renascimento, que possamos deixar morrer o que não nos serve mais, e permitir que a luz do nosso espírito floresça com a mesma força com que a Mãe Terra rompe os brotos da primavera. Que possamos lembrar que a verdadeira Páscoa é ancestral, cíclica e viva — pulsando dentro de cada coração que honra o caminho da verdade e da natureza.
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